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Mostrando postagens de junho, 2025

A ECOLOGIA DE MONET NO MASP

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Comecei a visita diante de 32 pinturas, a maioria inédita para nós. Organizei a ida ao MASP com um grupo de amigas e  convidei o educador Wladimir Wagner, especialista em historia da arte, para nos acompanhar.  Logo nos primeiros quadros, percebemos como Monet olhava para a natureza com atenção e sensibilidade. Observamos as texturas, as pinceladas e as nuances de luz que ele buscava capturar. A mostra apresenta  seis estações: primavera, verão, outono, inverno, a estação industrial e a estação de Giverny — onde Monet criou um jardim só seu, especialmente pensando para ser pintado. Ele caminhava muito buscava novas paisagens, se mudava em busca da luz ideal. Em algumas telas,  a fumaça da cidade toma o lugar do céu. Em outras, a água reflete barcos, pontes e árvores. Há cenas calmas e silenciosas, como as das ninfeias e da ponte japonesa.  Mais de cem anos depois, sua obra continua atual, especialmente por tratar da relação entre o ser humano e o meio ambiente. ...

Basta Uma Volta Sem Pressa

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Cenas de futevôlei e criatividade nas areias de Santos Caminhando pela praia, topei com uma cena que me fez parar e observar. Um grupo de homens se preparava para o futevôlei. Sempre tem um que cava o buraco das hastes laterais da rede (não sei o nome certo), enquanto os outros assistem — cada um com sua função, claro.  O que impressiona é a disposição e a alegria. Logo cedo, já está todo mundo a postos.  O futevôlei mistura futebol com vôlei, mas sem usar as mãos. Vale pé, cabeça, tronco e perna. É jogado em dupla ou quarteto, com times masculinos, femininos ou mistos.  E foi naquela cena de fim de semana que me veio a pergunta: de onde surgiu esse jogo? Nasceu lá na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, nos anos 60. U m grupo de amigos, inconformado com a proibição de jogar futebol na beira-mar pela polícia, resolveu improvisar. Migraram para a areia seca, esticaram uma rede de vôlei e continuaram com os toques — sem as mãos. Simples e genial. A ideia pegou. Cresceu. ...

AGUA FRESCA PARA AS FLORES

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No último domingo, fui ao teatro assistir ao monólogo Á gua Fresca para as Flores, baseado no romance de Valérie Perrin. A peça foi interpretada com delicadeza por Marcella Muniz e dirigida por Bruno Costa, numa montagem simples, sensível e feita com muito esforço — e sem patrocínios apenas com dedicação. Tanto que, ao final, foi o próprio diretor quem desmontou o cenário. Três grupos de leitura da Página Duppla se reuniram para esse encontro, já que o livro havia sido lido por todos. Eu, por acaso, não participei da leitura — fui apenas com a sinopse em mente — e logo percebi que era muito pouco. A peça reúne muitos assuntos importantes do livro e, sem ter lido, senti falta de perceber algumas relações. Curiosamente, mesmo quem tinha lido também sentiu dificuldade de captar tudo. A montagem é bonita, mas o conteúdo é denso, cheio de momentos de diferentes fases da vida, num vai e vem de tempos da personagem Violette, zeladora de um cemitério numa vila da Borgonha. Depois do teatro, fo...

Andy Warhol - Muito Além da Fama

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Artista visual, diretor de cinema, produtor e uma das figuras centrais da Pop Art e da arte contemporânea . Explorou a união entre celebridades, publicidade e expressão artística, principalmente a partir dos anos 1960. Usava pintura, serigrafia, fotografia, filme e escultura —  sempre do seu jeito, direto e provocador. Ficou famoso pelas serigrafias da Campbell's Soup Cans e de Marilyn Monroe , como Marilyn Diptych. E quem não lembra dessas duas obras? Foi um dos primeiros a usar a técnica da serigrafia de forma artística e em escala. Com uma equipe bem treinada, organizava a produção como uma espécie de "fábrica", onde a arte era criada em série. E como ele fazia isso? Usava imagens prontas — fotos de celebridades e objetos do cotidiano — e as transferia para telas com serigrafia. Cada cor exigia uma tela diferente. A tinta era passada com um rodo, revelando as imagens em camadas. A repetição, além da estética, representava consumo, fama e a multiplicação de imagens n...

O Desafio e o Encanto no Meio da Inovação

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Participei do Summit Tecnologia e Inovação: Inteligência Artificial nos 150 anos do Estadão, evento na Unibes Cultural, em São Paulo. Um dia intenso, cheio de termos técnicos em inglês — a maioria, eu nunca tinha ouvido antes. O tema era o uso da inteligência artificial no dia a dia — da economia à saúde, com foco também em ética, segurança de dados e comunicação. Com palestras e debates liderados por especialistas e jornalistas, o evento celebrou os 150 anos do Estadão, com os olhos voltados para o futuro do Brasil.   Acompanhar essas mudanças exige curiosidade, coragem e, acima de tudo, disposição para aprender.  Ouvir sobre IA, moedas digitais, computação quântica e o tal do 6G foi como entrar num episódio de ficção científica. Mas não era. Era real. Já está entre nós. Confesso: não sou do time que fala em tokenização com naturalidade. Uso o básico — meu iPhone, CapCut, redes sociais e meu blog. Ainda assim, estar ali me fez sentir parte do presente.  Fiquei surpr...

Impressão de Leitura — Mau Hábito

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Mau Hábito, escrito por Alana S. Portero, uma mulher trans espanhola, foi muito bem recebida pelo grupo. Várias pessoas disseram que foi o melhor livro que já leram. A conversa foi tão profunda que ultrapassou o tempo previsto — e os próprios participantes do clube nem perceberam. Houve emoção, identificação, surpresa. Foi uma troca verdadeira, difícil até de interromper.  A escolha do livro foi feita pelos mediadores Alexei e Peterson, e se mostrou muito acertada também por estarmos em junho — mês da visibilidade LGBTQIA +. O dia do Orgulho, celebrado em 28 de junho, relembra a Revolta de Stonewall — marco histórico da luta por direitos da comunidade LGBTQIA+. Lançado em 2023, Mau Hábito foi considerado o romance do ano da Espanha. Durante a conversa, foi comentado que o livro lembra o universo dos filmes de Almodóvar — pela mistura entre dor, exagero e beleza. A protagonista narra sua infância e adolescência tentando habitar um corpo que não corresponde à sua identidade. Ela vive...

Tom Jobim Musical

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De uns anos pra cá, passei a achar o domingo à noite um dos melhores momentos para terminar ou começar a semana. Ir ao teatro, seja para ver uma peça ou um musical, transforma esse fim de dia em algo muito prazeroso. Em 1950, eu ainda não tinha nascido. Mas a música brasileira começava a mudar. Tom Jobim, ainda pouco conhecido, já mostrava um jeito novo de compor. Havia algo no ar...uma elegância, um jeito diferente de cantar, que logo se tornaria a marca da Bossa Nova. Chega  de Saudade, com letra de Vinicius de Moraes e música de Tom Jobim, foi composta em 1956 e gravada por Eliseth Cardoso. Dois anos depois ganhou uma interpretação inesquecível de João Gilberto — e ficou marcada como o marco inicial do movimento. Tom Jobim Musical é um tributo lindo. Texto de Nelsinho Motta e Pedro Brício, direção de João Fonseca, e um elenco enorme: 27 atores e 13 músicos. A história começa na praia de Ipanema dos anos 50 e segue para além de Nova York, mostrando que sua música não parou por aí...