A ECOLOGIA DE MONET NO MASP
Comecei a visita diante de 32 pinturas, a maioria inédita para nós. Organizei a ida ao MASP com um grupo de amigas e convidei o educador Wladimir Wagner, especialista em historia da arte, para nos acompanhar. Logo nos primeiros quadros, percebemos como Monet olhava para a natureza com atenção e sensibilidade.
Observamos as texturas, as pinceladas e as nuances de luz que ele buscava capturar. A mostra apresenta seis estações: primavera, verão, outono, inverno, a estação industrial e a estação de Giverny — onde Monet criou um jardim só seu, especialmente pensando para ser pintado.
Ele caminhava muito buscava novas paisagens, se mudava em busca da luz ideal. Em algumas telas, a fumaça da cidade toma o lugar do céu. Em outras, a água reflete barcos, pontes e árvores. Há cenas calmas e silenciosas, como as das ninfeias e da ponte japonesa. Mais de cem anos depois, sua obra continua atual, especialmente por tratar da relação entre o ser humano e o meio ambiente.
O que mais me tocou foi saber que Monet seguiu pintando mesmo com a visão comprometida pela catarata. A doença afetava sua percepção de cor e contraste, tornando os vermelhos lamacentos e os tons claros apagados. Mesmo assim, ele não parou. Passou a usar pinceladas mais fortes e cores mais intensas, transformando a limitação em potência criativa.
E há uma hipótese ainda mais curiosa: o neurocirurgião australiano Noel Dan acredita que muitos impressionistas, como Monet, Renoir, Degas e Cézanne, eram míopes. Isso teria influenciado o estilo visual do grupo, com contornos menos definidos e cores vibrantes — especialmente o vermelho, que se destaca mesmo em visões desfocadas.
A exposição A Ecologia de Monet está no Masp até 24 de agosto de 2025. Uma chance rara de ver tanta beleza reunida em São Paulo — imperdível.
"A arte é um luxo, não porque precise necessariamente de riquezas para ser executada... ela é um luxo porque precisa de mãos descansadas." — Claude Monet
- 👉Com mediação do educador @wladimirwagner
- 👉Texto e vídeo @neide_piccinini
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