Idade Bem Vivida

Passei uma tarde deliciosa na Casa Bradesco, dentro do Complexo Cidade Matarazzo, em São Paulo. O espaço, que mistura arte, história e natureza, está ainda mais bonito depois da restauração.  Eu já tinha estado ali quando o prédio ainda era o antigo Hospital Matarazzo, antes da revitalização. O hospital estava fechado, com a construção envelhecida, mas ainda tinha charme. Lembro que cheguei a ver a última exposição naquele espaço — e, mesmo assim, já era bonito. Agora, restaurado e moderno, ficou ainda melhor. Fui ver a exposição Re-Selvagem: Natureza Inventada,  da artista francesa Eva Jospin. Ela transforma papelão em florestas e paisagens feitas à mão, criando mundos inteiros com um material simples, mas cheio de beleza. Nesta mostra, o grande destaque é o Chambre de Soie ( Quarto de Seda), uma obra monumental que me deixou maravilhada — uma experiência imersiva em que natureza, arte e artesanato se completam. Diferente de suas esculturas em papelão, essa tapeçaria é in...

Opa!  Recentemente, foi a minha terceira visita à Bienal e, mesmo assim, ainda há muito a descobrir. Não consegui ver os vídeos e  várias obras ficaram para uma próxima vez — o tempo nunca dá para tudo. Em cerca de uma hora e meia , consigo ver entre seis e oito obras, conversar um pouco com o mediador e trocar impressões com o grupo. Sempre surge um comentário diferente, uma nova percepção, e isso deixa a experiência ainda mais rica. Estou adorando essa peregrinação pela Bienal de São Paulo . Cada visita me revela novos artistas e trabalhos, num clima acolhedor, cercada de pessoas interessadas em arte e em explorar com calma o que cada instalação propõe. Hoje, além de conhecer obras inéditas, pude também rever algumas que já tinha visto nos dias anteriores. Foi uma manhã muito agradável! Mais do que números e grandiosidade, a 36ª Bienal propõe uma travessia, em que vozes, memórias e gestos de diferentes lugares se encontram e se transformam. Ao percorrer o pavilhão, o públi...

Às vezes a gente se sente ansiosa,  com a cabeça cheia de pensamentos. Nessas horas, o que mais me acalma é escrever para o meu blog. É a minha forma de terapia , um momento só meu, em que consigo organizar ideias e transformar a agitação em algo leve e bonito. Foi em um desses dias que decidi escrever sobre o 20 de outubro, Dia do Poeta . Achei que seria uma ótima oportunidade para lembrar o quanto as palavras podem tocar, acolher e fazer pensar. No Brasil, o Dia do Poeta  é comemorado  em 20 de outubro, mas essa data é exclusiva do nosso país. No mundo todo, a poesia é celebrada   em 21 de março, no Dia Mundial da Poesia, instituído pela UNESCO em 1999. E aqui ainda temos o Dia Nacional da Poesia, em 31 de outubro, oficializado por lei em homenagem ao aniversário de Carlos Drummond de Andrade. Essas datas mostram como a poesia ultrapassa fronteiras e gerações — ela continua viva, nos emociona e nos faz olhar a vida com mais sensibilidade. E quando se...

Recebi um vídeo fantástico que fala de palavras que estão em desuso, e são tão gostosas de pronunciar. A primeira foi convescote . Tempos atrás, quando convidei meus netos para um convescote, eles perguntaram:  —  O que é isso, vó?   Quando expliquei que era um piquenique, eles morreram de rir.  Por isso, resolvi resgatar algumas dessas palavras e usá-las nas minhas próximas postagens.  Vamos voltar a usá-las? Que tal? Me aguardem... Vou tentar! Vou colocar apenas um significado de cada palavra, mas muitas delas têm outros sentidos também... Pão - lá pelos anos 60, um moço bonito não era um gato, era um pão. Patota - turma de amigos, grupo de pessoas que participam de alguma atividade social... Bulhufas - nada, coisa alguma...  Rebuliço - desordem, confusão... Trambolho - empecilho, estorvo... Bordoada - cacetada, paulada... Discoteca - espaço para ouvir música e dançar... Pachorra - calma excessiva, lerdeza... Muquifo - local sujo, de péssimas c...

Uma noite completa: livro maravilhoso, jantar delicioso , surpresas encantadoras, boas conversas e um grupo de amigas que nasceu de um clube de leitura — encontros mensais que viraram momentos de trocas e conversas. Carol , a mediadora, escolheu O Arroz de Palma, um livro sobre família, tradições e reconciliações . O autor, diplomata e escritor, fez desse romance de estreia , publicado em 2008, um sucesso de público e crítica, que o levou a ser finalista do Prêmio São Paulo de Literatura. A narrativa é leve e envolvente, alternando passado e presente, com uma escrita que valoriza as memórias e os gestos simples do cotidiano. Foi impossível esgotar todos os temas em uma única noite — e desde então, o livro não me sai da cabeça. Teve também um aniversário especial. A aniversariante se emocionou e chorou de alegria — e eu, claro, chorei junto.    O Clube de Leitura Página Duppla capricha em cada detalhe. O  cardápio trouxe uma salada de fusilli com bacalhau , lembrando...

Um dia no espaço e uma conversa em família Comecei a ler Orbital por um compromisso pessoal : acompanhar o grupo de leitura e as escolhas sempre desafiadoras dos mediadores.   No início, achei um livro difícil — silencioso, cheio de pausas e pensamentos. Mas logo percebi que ele não fala apenas do espaço. Fala da vida , do tempo e das emoções humanas . A história se passa em apenas 24 horas , tempo em que a estação espacial completa 16 voltas ao redor do planeta . Dentro dela, seis astronautas convivem enquanto o planeta surge e desaparece pela janela — e c ada um vive algo íntimo: Chie lida com o luto da mãe, Shaun sente a distância da família, Pietro teme a doença, Nell pensa no irmão doente, Anton traz humor e leveza, e Roman mantém a calma e o silêncio. Enquanto eles observam o planeta lá de cima, eu, aqui embaixo, seguia meus próprios movimentos —  entre  lembranças, afetos, pequenas discordâncias e  muitas inquietações. No domingo, almoçando em famí...

Fui assistir à peça Névoa e saí com muitas coisas para pensar. Confesso que estava receosa por estar no centro da cidade, mas foi tranquilo: o táxi nos deixou na porta do Teatro Itália, que tem a mesma entrada do Terraço Itália, e na saída havia um ponto de táxi logo em frente. Muito prático e seguro. Bullying em Diferentes Corpos O que mais me atraiu em Névoa   foi o fato de abordar o bullying de forma ampla, sem se restringir a um único tema. Embora a homofobia esteja presente, a peça vai além e traz conceitos universais, mostrando como a violência psicológica pode marcar uma vida inteira. A grande questão é: o que fazer com essas marcas? Guardá-las? Vingar-se? Torná-la pública como exemplo? Mas a vingança, afinal, também é uma forma de bullying. O texto propõe reflexões profundas sobre nossas escolhas e sobre o peso do passado em nossas vidas. Uma Frase Que Marcou Uma das passagens mais fortes foi a recomendação: " Pensem muito no futuro, esqueçam o passado," Eu mesma acre...