Entre o Trem, Machu Picchu e o Vale Sagrado

Ainda no escuro da manhã, embarcamos no trem panorâmico. Pelas amplas janelas laterais e do teto, deixavam a paisagem entrar — primeiro sombras suaves, depois, a luz revelando o caminho até Águas Calientes. Montanhas imensas,  picos nevados da Cordilheira dos Andes, o rio Urubamba correndo ao lado, pequenas casas isoladas. O coração acelerava: eu estava a caminho de Machu Picchu.

No mesmo dia, iniciamos a trilha até a cidadela inca. O sol já estava forte e logo tiramos as camadas de roupa colocadas para o frio da madrugada. A mochila pesava mais do que eu imaginava e cada degrau exigia fôlego e paciência. Num trecho, acabei tendo um pequeno desequilíbrio e senti algo bonito: o apoio firme dos guias e de vários do grupo, que estendiam a mão quando não havia corrimão. Esse gesto coletivo me deu confiança para seguir — e até desejar que a subida continuasse. Queria mais.

Ao chegar, deixei as fotos para o Marcelo tirar. Eu queria apenas caminhar e observar. Entre as pedras, pensava no trabalho humano e na história que cada uma guardava. Quis levar uma pedrinha, mas todas estavam tão bem encaixadas, que só consegui recolher alguns cascalhinhos, lavando-os  nas águas claras de um pequeno riacho.

À noite, Carol, Lara e eu, ainda tivemos fôlego, para  visitar a igrejinha colonial colorida, onde deixei meu pedido. Depois seguimos pela rua central, cheia de bares. Tomamos um pisco sour na calçada, dançamos ao som da música e Carol bailou com o cerimonial do bar, encantando a todos.

Em  Águas Calientes, caminhamos pelas ruas estreitas e pela ponte sobre o Rio Urubamba. Passamos pelas piscinas termais, de cheiro peculiar de enxofre e seguimos para uma trilha íngreme, cheia de escadas. Carol e eu fomos até o fim: tocamos a água e fotografamos a nascente mais alta visível. A caminhada foi quase tão pesada, quanto a de Machu Picchu. O caminho revelava miradouros, quedas-d'água e o verde intenso da mata, abrindo-se pouco a pouco para o Vale Sagrado.

Exploramos o Vale: Pisac, com seu mercado colorido e um almoço digno da fama de um país onde se come muito bem; Ollantaytambo com muralhas e pedras de engenharia perfeita; e Chinchero, onde mulheres ainda tecem e tingem lãs com pigmentos naturais, como há séculos. 

Voltei com o corpo cansado e a alma leve. Entre trens, trilhas e  montanhas, descobri que essa viagem não foi só sobre ver lugares—foi sobre estar inteira em cada momento, receber apoio quando precisei e guardar no coração um pedaço da força e da beleza que vivem ali







  • Viagem realizada com Keep Company - Viagens para Solteiros.
  • Angélica - (21) 97591-4228
  • Colaboração de fotos: Gestto Cultural 
  • Marcelo - (21) 98067-5505

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FAÇAM O QUE FIZ!

Um Encontro Literário para Fechar o Ano com Chave de Ouro

Pedra do Gato — Experiência Gastronômica em Gonçalves