O CORPO

Chegou o Capítulo Dez do livro História da arte sem os homens, de Katy Hessel. Os encontros são quinzenais, começamos em abril e já passamos por centenas de artistas mulheres maravilhosas até aqui.

Muitos capítulos me encantaram, mas esse eu adorei. Foi uma virada poderosa na história da arte feita por mulheres: a descoberta do corpo como linguagem, como território político e artístico.

Entre 1960 e 1970, a arte foi profundamente influenciada pelos movimentos feministas, pela contracultura, pela liberdade sexual e pela crítica à opressão dos corpos — especialmente os corpos femininos.

E Marina Abramovic? Que performance! Não sei se eu teria estômago para assistir a Rhythm O. Ela coloca 72 objetos à disposição do público: flores, faca, revólver — e permanece imóvel durante 6 horas. É tocada, cortada, ameaçada. Um experimento perturbador sobre limites, vulnerabilidade e violência.

E quem não se lembra de Yoko Ono? Ela se senta imóvel e deixa o público cortar sua roupa. Um ato silencioso e forte, denunciando a violência simbólica e real contra as mulheres.

Louise Bourgeois escrevia compulsivamente. Em seus textos e esculturas tratava da relação com os pais, o corpo, a culpa, a psicanálise. Considerava seu corpo e sua arte como ferramentas terapêuticas, quase uma continuação de sua análise freudiana. Transformava traumas em formas. Suas esculturas pendentes evocavam o inconsciente, os órgãos, os medos.

"A escultura é a minha maneira de me manter viva."  —  Louise Bourgeois.

Eva Hesse, trabalhou com fragilidade e efemeridade. Sofreu com doenças, viveu pouco.  Seus diários revelam o conflito entre ser artista e mulher nos anos 60, enfrentando o luto, o câncer e o machismo do meio artístico.

A Pinacoteca de São Paulo abriga a escultura "Fonte das Quatro Nanás" (1974), da artista franco-americana Niki de Saint Phalle. As figuras femininas coloridas e alegres celebram a liberdade do corpo. A obra segue em exposição permanente no patio interno. É a última obra que aparece no vídeo e fecha o post com um toque alegre e divertido.

Escolhi essas artistas para comentar, mas no vídeo aparecem outras, e o capítulo traz muitas mais. 

Já assisti algumas performances e sempre fico entre o encantamento, o susto e a  curiosidade. Vou ficar atenta para ver alguma em cartaz e posto aqui.

As que já vi na Pinacoteca não foram tão transgressoras... ufa,! ainda bem.

Cada uma dessas artistas me fez sentir alguma coisa — espanto, admiração, incômodo. Não teve como sair desse capítulo indiferente. 




  • Clube de Leitura da História da Arte
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  • Livro: A História da Arte sem os Homens
  • Escrito por: Katy Hessel

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