Idade Bem Vivida

Nesse último fim de semana, vivi uma noite deliciosa no Allianz Parque, assistindo ao show do nosso Gilberto Gil, pela turnê Tempo Rei  — A Última Turnê . Estacionamentos cheios, gente bonita, alegre, divertida — e alguns com estilos diferentes, exóticos, deixando tudo ainda mais animado. Fiquei na cadeira superior, lá no alto.  Um lugar onde, com certeza, eu não me molharia. Que delícia ver o palco montado e a plateia vibrando! O palco parecia pequeno, e pensei: "Nossa, não vai dar pra ver nada..." Mas logo vi que isso era o de menos. A voz do Gil não era tão potente como antes, mas a emoção continuava forte. E a banda — ou melhor, aquela orquestra maravilhosa — deu um show à parte! Batuques deliciosos, músicas incríveis, arranjos perfeitos. Quanta gente dançando! Teve participações especiais, sim! A cantora e compositora Liniker, cheia de charme, dividiu o palco com Gilberto Gil em uma apresentação da música "Realce". E a bailarina e atriz Indira Nascimento també...

Fui ao MASP com o grupo de leitura de artes em busca de obras de artistas mulheres. Mas a busca foi mais difícil do que esperávamos — e isso, por si só, já diz muito. A primeira que encontramos foi das  Guerrilla Girls , coletivo americano  conhecido por usar máscaras de gorila e denunciar desigualdades no mundo da arte. A obra em exposição é um pôster gráfico — e não uma pintura — mas  faz parte da  coleção do MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand —,   e está ao lado das demais. As Guerrilla Girls são famosas pelos cartazes com dados e frases provocativas, mas também criam instalações, projeções e performances, sempre com crítica feminista e foco na representatividade. Em muitos museus, adaptam os pôsters ao público local. No MASP, o obra foi  traduzido para o português, ampliando ainda mais o impacto da mensagem. Um dado ali chama a atenção: na época da pesquisa, apenas  6% das obras exibidas  eram de mulheres, enquanto  60...

O domingo de Páscoa de 2025 amanheceu com uma alegria inesperada: Hugo Calderano se tornou o primeiro brasileiro — e também o primeiro latino-americano — a conquistar a Copa do Mundo de Tênis de Mesa. E não foi uma vitória qualquer: ele venceu o número 1 do mundo, o chinês Lin Shidong, por 4 a 1, em plena Macau, região administrativa da China, diante da torcida adversária. Carioca, Hugo começou a jogar tênis de mesa com o pai ainda criança. Aos 14 anos, saiu de casa para treinar em São Paulo. Mais tarde, se mudou para a Alemanha e depois para a França, onde jogou nos principais clubes da Europa. Enfrentou desafios longe da família, mas seguiu firme no propósito. Seu talento o levou ao topo: foi o primeiro brasileiro a entrar no Top 10 do ranking mundial e, hoje, ocupa o quarto lugar. Mas Hugo não impressiona apenas pela técnica. Fala seis línguas, resolve cubo mágico em segundos e tem uma mente afiada para o jogo e para a vida. Dentro da quadra, é conhecido por sua calma, disciplina e ...

Comecei a escrever este texto logo depois de terminar O Colibri, do autor italiano Sandro Veronesi — vencedor duas vezes do Prêmio Strega, o mais prestigiado da literatura italiana. Um feito raro, que já mostra a força da obra. Chorei em alguns trechos, principalmente no final. A história me pegou aos poucos. Apesar do tom triste, é envolvente e cheio de nuances. Fala de perdas, afetos, amizade, relações delicadas entre pais e filhos, irmãos, avós e uma neta... E também de um amor que nunca se concretiza. Marco Carrera, o protagonista, é apelidado de colibri por sua maneira peculiar de enfrentar a vida. Algumas acharam que ele era parado demais, que aceitava tudo calado. Mas, para mim, é o contrário. Essa resistência é justamente uma forma de força. Ele não reage de forma explosiva, mas aguenta firme. A meu ver, é um personagem forte, mesmo em silêncio. E foi no encontro do grupo Página Duppla que o livro cresceu ainda  mais . O grupo ficou empolgadíssimo, querendo falar todas ao...

Um passeio entre fofuras, roncadores e irreflexões Passear pelas ruas de Moema é um luxo só. Além das padarias charmosas e deliciosas, das árvores antigas que trazem frescor e dos restaurantes e botecos famosos, há outro espetáculo encantador: os cachorros. Seus donos e cuidadores desfilam por aí com cães das mais diversas e belas raças, sem falar dos vira-latas encantadores. Nesta manhã, me deparei com três buldogues francesas — a avó, a mãe e a  filhinha — desfilando juntas. Uma fofura em três gerações. O buldogue francês tem a cara toda enrugada, com aquele jeitão de bravo...mas é puro charme. Calmo, carinhoso e super apegado ao dono, não gosta de ficar sozinho, adora cafuné e cochilos longos. Quase não late, tem tendência à obesidade e está entre as raças mais tranquilas. A dona me contou que eles são "bonzinhos", que grudam mesmo — e que roncam! Na hora, pensei: já me acostumei com o barulho dos aviões sobrevoando Moema, será que também me acostumaria com o ronco de três...

Que loucura a minha!  P articipar de um clube de leitura sobre  A História da Arte sem os Homens.  A culpa? Do meu médico, que vive dizendo que é preciso fazer coisas diferentes, sair da zona de conforto. E claro, o medo do Alzheimer também dá seus empurrões... Ufa, ufa, como está difícil ler esse livro! A leitura exige atenção. Os encontros são duas horas de bate-papo com um mediador pós-graduado em história da arte — e o que me sobra é ficar de boca fechada. De boca fechada mesmo, só escutando e tentando absorver. Mas vou compartilhar o que mais me tocou: como era difícil ser artista mulher. Durante décadas, elas foram barradas das academias. Quando conseguiam, era em escolas privadas e caríssimas, sem direito a praticar com modelos vivos. Duas mulheres conseguiram estudar numa academia, mas causaram tanto incômodo que, quando saíram, as vagas voltaram a ser só para homens. E tudo recomeçava do zero. O livro mostra como, entre guerras e repressões, muitas mulheres ousa...

Almoçar no Paquito, no centro de Santos, é sempre uma boa escolha. Fui com meu marido num domingo e aproveitamos muito. Já faz alguns anos que tenho ido com frequência, sempre que estou em Santos. O restaurante continua com aquele jeitinho de antigamente, simples, acolhedor. Logo na entrada, uma parede cheia de camisetas dos clubes por onde Pelé passou — uma homenagem bonita e discreta.  Desta vez, troquei meu prato preferido, o Bacalhau à Débora, por camarões e polvo dourados, acompanhados de batatas, arroz e brócolis. A sangria da casa, oferecida como cortesia, completa o almoço. O restaurante só abre para o almoço e fecha às 3h30 da tarde . Mas eu nunca saio nesse horário. Sempre fico um pouco mais. O atendimento continua do jeitinho que eu gosto: feito por garçonetes simpáticas e com o Paquito circulando entre as mesas, sempre atento, com sua camiseta branca, conferindo se está tudo certo. Depois do almoço, vale caminhar pelo centro histórico, que foi revitalizado e está char...

Em setembro do ano passado, participei de uma noite especial com o grupo  Página Duppla.  O livro da vez foi " Caderno Proibido" , de Alba de Céspedes, uma autora ítalo-cubana que me fez pensar em muita coisa.  Escrito  em 1952 — o  ano em que nasci — e traduzido para o português só em 2022, o livro acompanha uma mulher que escreve escondida em um caderno, questionando os papéis de mãe, esposa e funcionária. Foi uma leitura que dividiu o grupo entre os que gostaram muito e os que...amaram! Me inspirou tanto que fiquei com a ideia na cabeça: por que não criar meu próprio diário? A vontade começou lá, mas só agora resolvi pensar nisso com mais carinho. Como sempre, nossas organizadoras capricharam nos detalhes do encontro e no cardápio, conectando o tema do livro à origem italiana da autora. Cardápio da Noite: —  Tábua de frios (nosso "antipasto misto" brasileiro) —  Ravioli artesanal recheado com queijo Sol do Japi, pera e mel, ao molho de manteiga com...