BIENAL PARA CRIANÇAS
Fui com meu neto, Marcelo, na Bienal de São Paulo.
Yurungai, graduada em arte-educadora, nos acompanhou na visita.
Ela foi essencial para despertar o interesse do meu netinho sobre as obras espalhadas pelo Pavilhão da Bienal, ao fazê-lo pensar, refletir e compartilhar suas ideias.
Logo na entrada, Marcelo comparou os materiais usados em sua escola, nas aulas de arte, com aqueles empregados nas obras e se surpreendeu com a importância e a grandiosidade dos trabalhos.
No térreo, uma das obras que mais chamou a atenção do Marcelo foi a do artista filipino Kidlat Tahimik, abordando a relação entre colonizadores e povos nativos.
Eram figuras esculpidas em madeira, simbolizando lutas contra o navio de Fernando Magalhães, Ilustradas com ícones contemporâneas de Hollywood como Marilyn, Mickey Mouse (logo se deteve para observar), Homem Aranha entre outros, invocando histórias de comunidades indígenas brasileiras e filipinas. A estrutura de madeira lembra uma casa, com paredes de galhos, barcos, naves espaciais e animais pendurados, que parecem voar entre si.
O artista, Denilson Baniwa, semeou milho na Praça das Bandeiras, espaço ao ar livre, buscando reconectar as pessoas com a natureza.
A sala com a obra de Tadáskía, usando lápis de cor, giz de cera e spray, com desenhos por todas as paredes e teto, além de uma instalação no centro do espaço, foi filmada e muito admirada pelo meu netinho.
Os desenhos do grupo de artistas do Acre, Huni Kuin (MAHKU), da Terra indígena Kaxinawá, mostram telas penduradas do chão ao teto do Pavilhão da Bienal. Com cores vibrantes como o vermelho, verde, azul e amarelo, as pinturas têm homens e mulheres indígenas com cocares coloridos, potes de cerâmicas, paisagens compostas por árvores, peixes, caranguejos e sereia.
A obra de Carlos Bunga, uma sala de paredes brancas com o chão coberto por uma camada de cola e tinta rosa, é um convite para ficar descalço, caminhar, observar as imperfeições do solo, lugar muito prazeroso para o Marcelo correr.
Nesse espaço, um grupo de alunos, comandados por uma professora, deitaram enfileirados e meditaram usando a técnica de mindfulness para adolescentes.
Kapwani Kiwanga, com a instalação pink-blue (rosa e azul), utilizou cores para impactar e controlar o comportamento humano em espaços ou instituições públicas. O azul para diminuir a visibilidade das veias e reduzir o uso de drogas injetáveis e o rosa, para diminuir a agressividade entre os detentos.
A instalação de Igshaan Adams representa um mapa abstrato formado por uma peça de tapeçaria, acomodada no chão, utilizando misturas de materiais locais, como miçangas, arame, fios de algodão e cobre, tecidos etc. Marcelo transitou pela obra com muito cuidado para não provocar qualquer dano.
Entre muitas outras obras admiradas e entre poucas com as quais não interagiu, terminou o passeio brincando de escalar uma árvore maravilhosa do Parque Ibirapuera.
A frase que predomina na arte contemporânea é: isso é arte?
Sim! É uma arte que permite que o artista se expresse através das mais variadas formas e com o uso de materiais do cotidiano, possa interagir com as pessoas, saindo dos museus e indo ao encontro da população.
A arte contemporânea para a criança é importantíssima por ser uma prática reflexiva, que valoriza a experiência, a abertura, a complexidade e o aprofundamento no processo produtivo. Faz pensar, refletir e compartilhar o que todos podem livremente imaginar.
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)
- @bienalsaopaulo
- @contemporaryand.americalatina
- @conteporaryand
- @tadaskia
- @ibirapueraoficial
- @igshaan.adams
- @_yurungai
- Créditos:
- Marcelo - vídeos
- Andréa Terron - revisão textual
- A mostra fica em cartaz até 10 de dezembro de 2023.
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